Equipe Puradesão.

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São Paulo, Brazil
Grupo de estudos em odontologia restauradora estética. Conceitos científicos direcionados de forma prática como alternativa para a clínica diária.

terça-feira, 17 de março de 2015

RESINAS BULK FILL


As resinas compostas e o conceito de adesividade permitem que a dentística atual venha de encontro às necessidades estéticas que permeiam a sociedade moderna, hoje a nossa especialidade consegue resolver praticamente todos casos de reabilitações estéticas que se apresentam em nossos consultórios apenas com o uso de técnicas adesivas e materiais a base de resina composta.
Desde seu desenvolvimento nos anos 60 as resinas compostas têm evoluído e ocupado um espaço cada vez maior dentro da odontologia, suas propriedades mecânicas, adesivas e estéticas vêm se desenvolvendo ao longo dos anos, ocupando hoje um lugar de destaque dentro da clínica diária. Dentro dessa evolução desses materiais temos a sua fotopolimerização que veio trazer uma série de melhorias nas propriedades mecânicas, menor porosidade, maior tempo de trabalho e uma melhora na sua manipulação clínica. Devido à fotopolimerização da resina composta os monômeros se convertem em polímeros, gerando uma contração rápida e um estresse dentro do material. Esse estresse gerado, se não controlado, pode levar à fendas marginais, trincas em esmalte e dentina, tensão em cúspides, sensibilidade pós operatória, microinfiltração e até cáries secundárias. No sentido de se controlar esses efeitos adversos da fotopolimerização recomenda-se uso das resinas compostas em camadas e pequenas porções quando utilizadas em restaurações diretas.
No inicio dos anos 2000, na busca da substituição plena do amálgama e na intenção de se encontrar melhora nas propriedades mecânicas e biológicas das resinas compostas, surgiram materiais que se propunham a apresentar características de condensabilidade, liberação de flúor e cálcio(A.L.E.R.T., Definite, Ariston), sendo materiais que podiam ser aplicados em camadas de até 5 mm de espessura. Na mesma época surgiram resinas com baixa viscosidade, conhecidas com “flow”, que vinham para serem usada em associação às resinas ditas compactáveis. Na mesma época começou-se a se preocupar com a contração de polimerização das resinas e o estresse gerado por essa contração rápida e assim desenvolveu-se técnicas de fotopolimerização que envolvem desde a intensidade de de luz utilizada até a forma e quantidade de resina que se deve utilizar em uma restauração estética de resina composta.
Recentemente a dentística estética tem sido apresentada a um novo grupo de materiais denominados de “bulk fill”, que nada mais são do que resinas compostas que se propõem a serem utilizadas em uma só camada de até 4mm de espessura. No nosso mercado, num primeiro momento, vieram as resinas de baixa viscosidade (SDR) com a proposta de serem utilizadas como uma base a ser coberta com resina convencional e logo em seguida resina com viscosidade média (x-tra fill) que pode ser utilizada com base e até com restauração final. Essa nova geração de matriais vem apresentando resultados laboratoriais e clínicos bastante favoráveis

sexta-feira, 13 de março de 2015

TRATAMENTO DENTAL CLAREADOR




Dentro da odontologia contemporânea temos percebido uma busca pelos pacientes por um sorriso mais agradável e estético. Assim o cirurgião dentista deve estar atento a essa necessidade e assim estar preparado para devolver ou obter um equilíbrio estético do sorriso de cada paciente.   Dentro do conceito de equilíbrio estético deve-se observar a face como um todo, simetria, posição labial, exposição dental com os lábios em repouso, durante a fala e durante o sorriso.
Em relação ao equilíbrio estético do sorriso o cirurgião dentista deve observar a posição dental, seu alinhamento, o tamanho e forma dos dentes, a micro estética dental e a cor dos elementos dentais. Para se obter um resultado estético o profissional pode utilizar diversas técnicas que vão de um clareamento dental, passando por restaurações diretas e indiretas até reabilitações mais complexas. A cor dos dentes constitui o fator isolado mais importante no equilíbrio estético do sorriso por ser uma desarmonia imediata e rapidamente notada.
A busca por dentes mais claros não é de hoje, mas a partir de 1989 Haywood e Heyman introduziram uma técnica de clareamento simples e que era realizada em casa sob a supervisão do profissional. Essa técnica se popularizou e ao final dos anos 90 e inicio deste século foram introduzidas técnicas que são realizadas em consultório com produtos em concentração maiores e com uso de energia para sua potencialização. Infelizmente a popularização do clareamento dental levou à sua banalização e ao uso indiscriminado de técnicas e produtos por parte da população, e até mesmo alguns profissionais reforçaram a banalização dessa técnica.
Defendemos que a técnica para o clareamento dos elementos dentais é bastante conservadora e que deve ser utilizada como primeiro passo dentro de um tratamento odontológico. Mas apesar de simples e conservadora ela deve ser individualizada e indicada para cada paciente de acordo com a etiologia e localização da pigmentação, características da estrutura dental, história médica e dental do paciente, grau de expectativa, dentre outras condições. Enfim, o cirurgião dentista não deve apenas oferecer um clareamento dental, isso qualquer produto oferecido em farmácias ou em sites pode fazer, o profissional atualizado e consciente deve estar preparado para apresentar e realizar um tratamento dental clareador.
Dentro do tratamento dental clareador propomos um protocolo a ser seguido onde se partirá de uma anamnese bem orientada e conduzida no sentido de se conhecer a história médica e odontológica do paciente, sua expectativa em relação ao tratamento, hábitos nocivos e de higiene bucal. Feito isto então parte-se para um exame clínico radiográfico onde irá se observar as condições bucais, as condições da ATM, abertura bucal, exame da estrutura dental, presença de restaurações, sensibilidade dental, tipo de e grau de pigmentação, enfim o profissional deve se ater a todas as condições clínicas que possam de alguma forma intervir no desenvolver do tratamento.
Hoje preconizamos a realização de um pré-tratamento clareador onde o profissional terá condições de prever e minimizar possíveis sensibilidades dentais, reações em nível de gengiva e periodonto, grau de desconforto que o paciente pode oferecer dentro da conduta a ser adotada. Essa sessão do pré-tratamento pode iniciar o tratamento propriamente dito ou definir os agentes a serem empregados em cada caso.
No tratamento dental clareador poderá e deverá ser utilizada uma ou mais de uma das técnicas que hoje temos a disposição, ou seja, a caseira supervisionada, a clínica ou associada.  O desenvolvimento do tratamento dependerá da evolução do caso e da resposta pessoal do paciente, podendo muitas vezes ter que lançar mão de produtos em concentrações diferentes e até de marcas diversas no sentido de se obter o resultado desejado.
Finalizando, o principal objetivo que temos aqui é o de orientar o cirurgião dentista no sentido de se posicionar de forma profissional e ética, devendo estar atualizado no sentido de oferecer um tratamento em que se possa obter um resultado satisfatório e com pouco ou nenhuma reação adversa.

 Bibliografia recomendada:
1 - Leonard JR, R.H. ETA AL  J. Esthet. Restor.Dent. v. 13 2001
2- Leonard JR, R.H. ETA AL  J. Esthet. Restor.Dent. v. 14 2002
3- Conceição, E.N. Dentística: saúde  e estética- 2ª edição 2007     

4- REZENDE M; SIQUEIRA SH; KOSSATZ S 10 REV ASSOC PAUL CIR DENT 2014;68(3):208-12

segunda-feira, 9 de março de 2015

DENTÍSTICA – HARMONIZANDO SORRISOS COM FACETAS LAMINADAS



A estética é essencialmente um conceito do campo visual. Tem se tornado muito importante na sociedade moderna, fazendo deste quesito, antes delegado a um segundo plano, um dos fundamentos que na atualidade regem o tratamento odontológico. O conceito atual de beleza remete a tudo que é jovem e saudável e utiliza recursos cosméticos naturais e artificiais para valorizar e manter o estado de beleza por mais tempo. Os meios de comunicação bombardeiam as pessoas com o que consideram um padrão de beleza, apesar de que este conceito pode estar carregado de subjetividade e modificações, dependendo do momento e da sociedade em que se vive, povos, países e culturas.
O mesmo ocorre dentro da odontologia. Ao longo dos anos temos observado momentos em que a valoração dos dentes era resumida à extração do dente em caso de dor, épocas em que a demonstração de status sócio econômico era a presença de restaurações anteriores em metal, grupos que fazem questão de utilizar cristais e pedras incrustadas em seus dentes anteriores e assim por diante.
Em nosso meio vivemos a cultura da estética branca, fato observado em atores e pessoas da mídia que exibem seus sorrisos brancos e impecavelmente harmônicos. Vivenciamos, também, a era da propaganda nos programas vespertinos dedicados à divulgação de técnicas e resultados sempre perfeitos. Mesmo entre os profissionais de odontologia, cada vez mais percebemos o desenvolvimento e criação de técnicas e novas terminologias que procuram dar nova roupagem para tratamentos já consagrados.
Dentre os tratamentos que permitem a devolução de uma harmonia ao sorriso, podendo alterá-lo, recuperar simetria, modificar forma,cor,textura e até posicionamento dental com um mínimo e até ausência de desgaste dental, encontramos a utilização dos laminados, também conhecidos por facetas, que podem ser feitos em cerâmicas,compostos cerâmicos ou resinosos. Normalmente esse tipo de tratamento envolve o uso de laboratório, nos casos de cerâmicas e seus derivados, mas também podem ser realizados com aplicação de resina composta aplicada diretamente nos dentes. Com isso, novos biomateriais tem sido desenvolvidos visando a melhorias nas propriedades ópticas e mecânicas desses tipos de restaurações.
A história dessa técnica remete a 1886 quando Charles Henry Land confeccionou a primeira restauração de porcelana em um dente preparado, utilizando uma folha de platina (MONDELLI, CONEGLIAN e MONDELLI, 2003²). Land, em 1903, foi o primeiro na literatura mundial a propor o uso de facetas estéticas. Nos anos 30 do século passado, quando se utilizava películas em resina em artistas. Esta técnica só podia ser utilizada em curto espaço de tempo, em geral nas tomadas de cena, pois não havia material que permitisse a colagem adequada dessas peças aos dentes. Nos anos 70 houve uma nova investida em técnicas semelhantes, já tínhamos materiais mais adequados e o conceito de adesividade já dava seus primeiros passos. Mas, ainda não tínhamos materiais que permitissem uma estética adequada e segura.
Nos anos 90 tivemos um grande desenvolvimento de materiais e técnicas que permitiram o uso da adesividade entre os materiais estéticos e a estrutura dental de forma segura, podendo, dessa forma, reabilitar esteticamente o sorriso de forma bastante conservadora. Desde então surgiram procedimentos estéticos refinados, como as facetas indiretas com desgastes minimamente invasivos, ou até mesmo sem nenhum desgaste da estrutura remanescente dentária para os tratamentos dos dentes anteriores. Existem inúmeros sistemas cerâmicos no mercado que possuem excelentes propriedades físicas, ópticas e de alto grau de biocompatibilidade permitindo devolver a integridade biomecânica estrutural e estética dos dentes originais.
A execução de restaurações indiretas está relacionada a um adequado planejamento, que deve envolver a escolha do material e do preparo biomecânico do elemento dental, além do íntimo acompanhamento das etapas laboratoriais e de cuidado extremo na cimentação, desde as facetas laminadas mais conservadoras,minimamente invasivas, laminados sem preparo, ás vezes chamados de forma equivocada de “lentes de contato” até as mais extensas. O produto consiste em uma fina lâmina cerâmica de cerca de 0,2 mm, que é aplicada sobre a superfície do dente para recobrir dentes amarelados, com manchas ou levemente desalinhados. A vantagem deste tratamento é que, ao contrário do procedimento realizado atualmente, o dentista não precisa desgastar os dentes do paciente com brocas e pontas diamantadas, preservando ao máximo suas estruturas naturais,no entanto cuidados devem ser tomados no planejamento da peça para que se evite o sobrecontorno gengival, que pode acarretar dificuldade de higienização e inflamação gengival.
No contexto atual, a procura pela estética deve vir acompanhada de máxima preservação da saúde e por isso é de grande importância que o profissional tenha visão clínica e bom senso ao indicar,ou não desgastes dentários irreversíveis. Os Cirurgiões-Dentistas especialistas em Dentística exercem um papel fundamental em todo esse processo, já que são capacitados e habilitados a avaliar as possibilidades mais conservadoras indicando de maneira mais racional o melhor tratamento em cada caso clínico, harmonizando sorrisos e integrando de forma cada vez mais saudável e conservadora o individuo para o convívio na sociedade. 

BIBLIOGRAFIA
2- MONDELLI, R. F. L.; CONEGLIAN, E. A. C.; MONDELLI, J. Reabilitação estética do sorriso com facetas indiretas de porcelana. São Paulo, Biodonto, v.1, n.5, set./out. 2003.
3-KANO,P. Visão Clínica: facetas de porcelana clínica. International Journal of Brazilian Dentistry, São José, v.1, n.2, p. 173-185, abr./jun. 2005
4-PEREIRA,J.C;ANAUATE-NETTO,C;GONÇALVES,S.A.DENTÍSTICA : Uma abordagem multidisciplinar. São Paulo: GBPD- Grupo Brasileiro de Professores de Dentística, Artes Médicas; 2014.

5-PERES,R.C.F.A.  Facetas Laminadas: revisão de literatura, monografia apresentada ao programa de pós-graduação  do instituto de ciência da saúde- FUNORTE /SOEBRAS. Dez. 2010.