A estética é essencialmente um conceito
do campo visual. Tem se tornado muito importante na sociedade moderna, fazendo
deste quesito, antes delegado a um segundo plano, um dos fundamentos que na atualidade
regem o tratamento odontológico. O conceito atual de beleza remete a tudo que é
jovem e saudável e utiliza recursos cosméticos naturais e artificiais para valorizar
e manter o estado de beleza por mais tempo. Os meios de comunicação bombardeiam
as pessoas com o que consideram um padrão de beleza, apesar de que este
conceito pode estar carregado de subjetividade e modificações, dependendo do
momento e da sociedade em que se vive, povos, países e culturas.
O mesmo ocorre dentro da odontologia. Ao longo
dos anos temos observado momentos em que a valoração dos dentes era resumida à
extração do dente em caso de dor, épocas em que a demonstração de status sócio
econômico era a presença de restaurações anteriores em metal, grupos que fazem
questão de utilizar cristais e pedras incrustadas em seus dentes anteriores e
assim por diante.
Em nosso meio vivemos a cultura da
estética branca, fato observado em atores e pessoas da mídia que exibem seus
sorrisos brancos e impecavelmente harmônicos. Vivenciamos, também, a era da
propaganda nos programas vespertinos dedicados à divulgação de técnicas e resultados sempre perfeitos. Mesmo entre os profissionais
de odontologia, cada vez mais percebemos o desenvolvimento e criação de
técnicas e novas terminologias que procuram dar nova roupagem para tratamentos
já consagrados.
Dentre os tratamentos que permitem a
devolução de uma harmonia ao sorriso, podendo alterá-lo, recuperar simetria, modificar
forma,cor,textura e até posicionamento dental com um mínimo e até ausência de
desgaste dental, encontramos a utilização dos laminados, também conhecidos
por facetas, que podem ser feitos em cerâmicas,compostos cerâmicos ou resinosos.
Normalmente esse tipo de tratamento envolve o uso de
laboratório, nos casos de cerâmicas e seus derivados, mas também podem ser
realizados com aplicação de resina composta aplicada diretamente nos dentes. Com
isso, novos biomateriais tem sido desenvolvidos visando a melhorias nas
propriedades ópticas e mecânicas desses tipos de restaurações.
A história dessa técnica remete a 1886
quando Charles Henry Land confeccionou a primeira restauração de porcelana em
um dente preparado, utilizando uma folha de platina (MONDELLI, CONEGLIAN e
MONDELLI, 2003²). Land, em 1903, foi o primeiro na literatura mundial a propor
o uso de facetas estéticas. Nos anos 30 do século passado, quando se utilizava
películas em resina em artistas. Esta técnica só podia ser utilizada em curto
espaço de tempo, em geral nas tomadas de cena, pois não havia material que
permitisse a colagem adequada dessas peças aos dentes. Nos anos 70 houve uma
nova investida em técnicas semelhantes, já tínhamos materiais mais adequados e
o conceito de adesividade já dava seus primeiros passos. Mas, ainda não
tínhamos materiais que permitissem uma estética adequada e segura.
Nos anos 90 tivemos um grande
desenvolvimento de materiais e técnicas que permitiram o uso da adesividade
entre os materiais estéticos e a estrutura dental de forma segura, podendo,
dessa forma, reabilitar esteticamente o sorriso de forma bastante conservadora.
Desde então surgiram procedimentos estéticos refinados, como as facetas
indiretas com desgastes minimamente invasivos, ou até mesmo sem nenhum desgaste
da estrutura remanescente dentária para os tratamentos dos dentes anteriores. Existem
inúmeros sistemas cerâmicos no mercado que possuem excelentes propriedades
físicas, ópticas e de alto grau de biocompatibilidade permitindo devolver a
integridade biomecânica estrutural e estética dos dentes originais.
A execução de restaurações indiretas
está relacionada a um adequado planejamento, que deve envolver a escolha do
material e do preparo biomecânico do elemento dental, além do íntimo
acompanhamento das etapas laboratoriais e de cuidado extremo na cimentação,
desde as facetas laminadas mais conservadoras,minimamente invasivas, laminados
sem preparo, ás vezes chamados de forma equivocada de “lentes de contato” até
as mais extensas. O produto consiste em uma fina lâmina cerâmica de cerca de
0,2 mm, que é aplicada sobre a superfície do dente para recobrir dentes
amarelados, com manchas ou levemente desalinhados. A vantagem deste tratamento
é que, ao contrário do procedimento realizado atualmente, o dentista não
precisa desgastar os dentes do paciente com brocas e pontas diamantadas,
preservando ao máximo suas estruturas naturais,no entanto cuidados devem ser
tomados no planejamento da peça para que se evite o sobrecontorno gengival, que
pode acarretar dificuldade de higienização e inflamação gengival.
No contexto atual, a procura pela
estética deve vir acompanhada de máxima preservação da saúde e por isso é de
grande importância que o profissional tenha visão clínica e bom senso ao
indicar,ou não desgastes dentários irreversíveis. Os Cirurgiões-Dentistas especialistas em Dentística
exercem um papel fundamental em todo esse processo, já que são capacitados e
habilitados a avaliar as possibilidades mais conservadoras indicando de maneira
mais racional o melhor tratamento em cada caso clínico, harmonizando sorrisos e
integrando de forma cada vez mais saudável e conservadora o individuo para o convívio
na sociedade.
BIBLIOGRAFIA
2- MONDELLI, R. F. L.; CONEGLIAN, E. A.
C.; MONDELLI, J. Reabilitação estética do sorriso com facetas indiretas de
porcelana. São Paulo, Biodonto, v.1, n.5, set./out. 2003.
3-KANO,P. Visão Clínica: facetas de
porcelana clínica. International Journal of Brazilian Dentistry, São José, v.1, n.2, p.
173-185, abr./jun. 2005
4-PEREIRA,J.C;ANAUATE-NETTO,C;GONÇALVES,S.A.DENTÍSTICA
: Uma abordagem multidisciplinar. São Paulo: GBPD- Grupo Brasileiro de
Professores de Dentística, Artes Médicas; 2014.
5-PERES,R.C.F.A. Facetas
Laminadas: revisão de literatura, monografia apresentada ao programa de pós-graduação
do instituto de ciência da saúde- FUNORTE /SOEBRAS. Dez. 2010.
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